Aviso aos navegantes: esse texto foi publicado originalmente em 27/01/2011, a OfficeDrop não está mais recebendo currículos pra essas vagas.
Essa semana anunciamos vagas pra trabalho Home Office pra OfficeDrop:
Recebemos vários currículos, alguns bons e outros inacreditavelmente ruins. Erros crassos na construção do currículo ou completo desleixo com o mesmo fizeram com que vários candidatos fossem desconsiderados simplesmente porque era impossível retirar alguma informação útil do documento digital. O currículo ou continha lixo demais ou era tão direto que era impossível de se adivinhar quais eram as tarefas que a pessoa fazia no trabalho.
Resolvi então que seria uma boa hora pra fazer uma listinha dos erros que nós encontramos pra ficar pra posteridade.
Várias pessoas enviaram currículos como arquivos “.doc” do Office. Se você trabalha com tecnologia a tempo o suficiente pra saber utilizar mouse, teclado e ler ebooks provavelmente sabe que PDF é o formato padrão e mais bem aceito no mercado. Quando você envia um arquivo “.doc” e a pessoa abre no OpenOffice a formatação pode ser perdida ou ele simplesmente não funcionar e se não funcionar, você está fora. Sempre que for enviar um currículo, faça-o em PDF, não use os formatos do Office, OpenOffice e muito menos do Pages no Mac.
Vagas de tecnologia normalmente não exigem que você tenha uma boa aparência, então não é necessário colocar fotos. Sempre que vejo um currículo com fotos lembro do primeiro currículo que fiz aos 14 anos de idade. Também não use imagens ou logotipos de empresas das quais você usa as ferramentas. Quando você tira uma certificação Java, ganha o direito de usar a marca, mas isso não quer dizer que você deve encher o seu currículo com os logos do Java somente pra dizer que você é certificado. Quem é mais importante, a certificação ou você?
Ao enviar o seu currículo, pense que várias outras pessoas vão fazer o mesmo, então mandar um anexo com o nome “Curriculum Vitae” ou “Resume” dá mais trabalho pra o avaliador. Sempre coloque o seu nome no arquivo anexado, de forma que fique claro, mesmo sem abrir o documento, de quem é aquele currículo (como em “Currículo - José da Silva.pdf”).
As vagas pra OfficeDrop foram anunciadas em inglês, a empresa é americana e espera-se que o candidato seja capaz de se comunicar de forma escrita e falada em inglês (está na descrição de cada uma das vagas). Em que língua você acha que o seu currículo deve estar? Quando você não presta atenção na descrição da vaga, já sinaliza que pode ser apenas mais um “atirador de currículos” e provavelmente vai ser sumariamente cortado da avaliação. Se você não é capaz de traduzir o seu currículo pra inglês e recorre a ferramentas como o Google Translate pra fazer isso, você não se encaixa no “ser capaz de ler, escrever e falar inglês”.
Todas as vagas que nós publicamos exigem experiência prévia com programação e todas elas são pra trabalhar programando em tecnologias atuais, como Ruby, C# e Objective-C (essa nem tão atual né…), então a única coisa que nos interessa no seu currículo são trabalhos relacionados a programação. Se você dá aulas de religião na escolinha da sua igreja, isso não interessa (não nessa parte, vai interessar mais a frente).
O seu currículo deve começar com uma breve descrição das tecnologias que você já trabalhou e os papéis que já desempenhou nos seus diversos trabalhos e projetos.
Ao colocar experiência de trabalho, não escreva somente:
“Janeiro 2008, Dezembro 2010” – Analista de sistemas, FooBar Tecnologia
Descreva em algumas linhas o que você fazia, quais tecnologias você utilizava, o que foi desenvolvido no projeto. Explique quais eram as suas atribuições e, principalmente, tenha certeza de que tudo o que você colocou no seu resumo de experiências esteja citado nas suas experiências de trabalho. Se você coloca que “sabe” Rails e nenhuma das suas experiências diz que você já usou Rails, vou ter que duvidar das suas palavras.
Se você trabalha há muito tempo e teve empregos não relacionados a programação, o melhor é não coloca-los no seu currículo, porque eles vão somente aumentar o tamanho dele e terminam por não dizer nada de você. Quanto maior o seu currículo, maiores as chances do avaliador se chatear e começar a “pular” partes dele.
Isso é um dos comentários mais antigos sobre o assunto, mas as pessoas continuam cometendo o mesmo erro, o valor de você “ir” a um evento é basicamente nulo. Por que? Porque é muito difícil de se mensurar o conhecimento adquirido e, principalmente, todo mundo sabe que ninguém vai a evento somente pra assistir palestras. Quer colocar que participou de um evento no seu currículo? Demonstre que ter participado desse evento teve algum efeito na sua formação profissional com código.
Já se você palestrou ou ministrou cursos durante o evento, você deve colocar isso no seu currículo, junto com links pra Slideshare se você tiver usado, projeto no GitHub desenvolvido durante o curso/palestra ou qualquer outro material que você tenha usado durante a apresentação. Dizer que você falou sobre “A dicotomia capitalista de Atirei o Pau no Gato” sem nenhum material de suporte também é inútil.
Quando além da sua formação acadêmica você fez cursos complementares, aqui vale a mesma regrinha da experiência de trabalho, só coloque cursos que estejam relacionados ao trabalho que você vai executar na vaga. Vários currículos que nós recebemos tinham “Curso de montagem e manutenção de computadores” ou “Operador Office: Word, Excel e Power Point”.
Se você não fez nenhum curso relacionado ao assunto da vaga, não coloque nada. Controle esse seu ímpeto de querer fazer o maior currículo do mundo, quanto maior o seu currículo, menores as chances de você ser selecionado, porque provavelmente vai ser tachado de enrolão.
Um plus pra cursos é, assim como nos eventos, você ter material pra mostrar com base no que aprendeu no curso. Fez um curso de desenvolvimento pra iOS? Faça um projetinho com o que você aprendeu e coloque no GitHub. Isso demonstra que você não estava somente de corpo presente nas aulas.
Em empresas menos enterprisey, certificações já não tem lá muito valor, mas mesmo assim são uma fonte interessante de dados sobre a pessoa no currículo. Todo mundo tem uma certificação SCJP, mas quase ninguém tem uma SCEA, colocar uma SCEA no currículo realmente faz diferença.
Evite colocar certificações pouco conhecidas ou de sites obscuros, como as do “RentACoder.com”, “Brainbench” ou correlatos. Ninguém conhece e, mais uma vez, parece que você quer “gerar conteúdo” pra o seu currículo em vez de realmente demonstrar conhecimentos na área.
Se você tem conta no GitHub, só coloque ela como “referencia” no seu currículo se você realmente tem alguma coisa própria lá. Se tudo o que você fez foi dar forks em milhares de projetos e nunca deu commit em nenhum deles, é melhor nem colocar o link. Se você tem side projects, é interessante colocar eles também no seu currículo falando o que fez, pra que fez e se ainda está mantendo o projeto.
Algumas empresas também gostam de saber se as pessoas que estão sendo contratadas são normais e fazem outras coisas da vida além de trabalhar. Então, dependendo do perfil da vaga, você pode adicionar uma seção de hobbys no seu currículo, falando que você dá aulas na escola dominical da igreja, gosta de jogar vídeo game, surfar ou whatever.
Pense no seu currículo como a primeira impressão que você vai causar e pense que ele nem pode ser pequeno demais pra não dizer nada nem deve ser grande demais pra não parecer enrolação. Currículos com até 3 folhas são aceitáveis, depois disso pode ter certeza de que o avaliador não está mais olhando pro conteúdo e está contando os minutos pra esse sofrimento acabar.
Seja direto, coloque informações que qualifiquem você pra vaga em questão e preste atenção nas entrelinhas da vaga, pra não enviar um currículo em português pra uma empresa americana. Mas não se empolgue, o currículo é somente pra que você seja considerado pra vaga, a entrevista e os assigments que vão ser passados é quem vão dizer se você realmente vai chegar lá ou não, mas é sempre bom causar uma boa primeira impressão.