Produzindo um avião com métodos ágeis

[caption id=”attachment_19” align=”alignleft” width=”225” caption=”Produto final produzido no curso de CSM”]Produto final produzido no curso de CSM[/caption]Este último sábado foi também o último dia da minha disciplina de Introdução aos Métodos Ágeis e Scrum da especialização em Metodologia para Engenharia de Software na Faculdade iDez. Como projetinho de última aula resolvi roubar a idéia que eu havia visto no curso de Certified Scrum Master que o Michel Goldenberg ministrou em Recife no início do ano.

A idéia básica é que os alunos fariam um produto (que no caso do curso foi um folder com de propaganda) e se utilizariam do Scrum pra produção do mesmo. O trabalho foi simples e exigiu muito mais organização e foco por parte da equipe pra entregar o folder pronto do que trabalho duro propriamente dito.

Muitas idéias diferentes surgiam enquanto estávamos planejando e começando o trabalho, se tivéssemos seguido todas, o produto não teria sido entregue, mas o tempo finito e a comunicação constante da equipe nos mantiveram na linha pra finalizar a tarefa. No fim foi uma ótima forma de cristalizar o conhecimento básico de Scrum que foi passado durante os dois dias de curso e eu sabia que eu não podia terminar essa disciplina de Scrum sem fazer o mesmo com o pessoal.

Será a Embraer?

Coloquei na cabeça que faria a dinâmica, mas faltava a idéia de “o que” produzir. Não queria repetir a idéia dos folders de propaganda, então o que seria um trabalho manual interessante pra colocar o pessoal pra produzir? Aviões, claro!

Na brincadeira, cada equipe ficaria responsável por produzir um avião com o material disponível dentro do tempo estimado de uma hora e meia. Essa hora e meia consistiria tanto no tempo pra planejar a construção do avião (Release e Sprint Planning Meetings) como efetuar a construção em si. Dividi então o tempo nos timeboxes:

A idéia é que o evento todo seja simples, nós fazemos priorização e planning poker durante os 20 minutos iniciais, mas não consideramos velocidade ou fazemos o burndown do projeto. O foco maior é nos timeboxes e no objetivo final que é entregar o avião pronto. Se a equipe percebe que tudo o que eles planejaram não vai ser entregue até o fim do tempo, eles precisam se reorganizar e diminuir o escopo pra poder ter um produto completo ao fim das duas sprints.

[caption id=”attachment_22” align=”alignright” width=”300” caption=”Equipe Boeing planejando o trabalho”]Equipe Boeing planejando o trabalho[/caption]Montando as equipes, ambiente e materiais

O meu caso eram duas equipes com 8 pessoas cada, das 8 pessoas, 1 era o Scrum Master, 1 o Product Owner e os outros eram a equipe de desenvolvimento em si. O Product Owner não trabalha efetivamente, mas ele pode direcionar a equipe e aceitar ou não o trabalho sendo feito.

O Scrum Master também não deve fazer trabalho diretamente, seu serviço é apenas resolver impedimentos na equipe, como falta de material. Eu também andei atrapalhando as equipes conversando besteira, removendo material, ocupando os desenvolvedores com outros trabalhos, pra manter os Scrum Masters ocupados.

O material necessário pra cada equipe é:

  • 2 garrafas de refrigerante de 2 litros (preferenciamente garrafas que não tenham detalhes no formato, como as de Guaraná Antartica);
  • 2 tesouras;
  • 1 estilete;
  • 2 folhas de cartolina guache/grossa;
  • 2 folhas de cartolina fina;
  • 1 conjunto de canetas hidrocor;
  • Baralhos pra planning poker;
  • Post-its e index cards/folhas de resumo;
  • 1 pacote de palitos de churrasco, preferencialmente de bambu;
  • 1 rolo de fita adesiva transparente;
  • 1 régua grande (ao menos 50cm);
  • [caption id=”attachment_24” align=”alignleft” width=”300” caption=”Os dois produtos finalizados após os 2 sprints”]Os dois produtos finalizados após os 2 sprints[/caption]Lições da primeira vez

    Não levei estiletes, foi bem difícil pro pessoal cortar as garrafas, também levei apenas uma tesoura pra cada grupo e isso foi um problema, já que muita coisa precisava ser cortada, ter duas tesouras teria agilizado muita coisa. Levei apenas um rolo de fita adesiva e ela rodou demais entre as duas equipes, ter um rolo pra cada equipe também teria complicado menos as coisas.

    No fim, acho que o saldo final da brincadeira foi bem positivo, os dois grupos produziram os seus aviões e cada um completamente diferente do outro (e eles estavam lado a lado dentro de sala). As equipes mudaram o escopo e a idéia do que iam produzir baseados no caminho que a “construção” estava tomando (a equipe Boeing só resolveu realmente construir um avião com as duas garrafas no segundo sprint, quando a equipe Teco-Teco já estava com o esqueleto do avião quase todo pronto).

    Dinâmicas, jogos e atividades interativas no geral deveriam ser mais comuns no ensino em tecnologia, ainda está pra surgir uma forma de ensinar que seja mais completa do que envolver os alunos na atividade de verdade. Clique aqui pra ver a galeria de fotos completa com todas as imagens da aula.